domingo, 29 de agosto de 2010

Madrugada

Balde de água, cubos de gelo boiando.

O tempo estava quente, ele tinha isso a seu favor. Mas mesmo assim, o cara não era peixe.

Olho no relógio e olho na nuca do sujeito. Tempo e até onde ele lutasse pra sair. Se debate, como peixe na água. Olho no relógio, olho na nuca. Um no peixe, outro no gato, não é o que se diz?

Sangue na água. Sobe lento, com gelo.

Garçom, o de sempre.

Afundar no copo, na cama. O sono submerge a cabeça, turva as ideias.

Nada numa piscina de gelo, os ladrilhos azuis. As balas correm em volta, como peixes rápidos. Ladrilhos se partem, está no mar. O sal não deixa abrir os olhos direito.

O cara não consegue mais abrir os olhos. Lábio inchado, olho inchado, cara deformada. Olho no relógio. Não tem como ele ficar aceso por muito tempo.

Desce no mar, não dá pra ver o fundo. Mas logo que atingir o fundo, acorda. Ele acorda, mas o cara se dormir não acorda mais.

Garçom, o de sempre, com sangue.

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